Textos

Jacinto Fidélis

Jacinto Fidélis, nascido na cidade do Porto, vindo ainda jovem para o Brasil, casou com Maria Clotilde Silva, em Paraíso do Sul. Jacinto era homem de hábitos simples e extremamente triste, em virtude de um casamento com uma mulher que não amara. Logo ao chegar ao Brasil, instalara-se na cidade de Santa Maria, distrito da Boca do Monte, no ano de 1912, e apaixonara-se por Laudelina Silva, irmã mais jovem da mulher com quem, no futuro, iria casar. As duas eram filhas de um fazendeiro de grandes posses, difícil convívio e pouco afetivo, que não permitira seu casamento com Laudelina. Sem outras chances, decidiram casar às escondidas, mas na data prevista para tal, fora surpreendido pela chegada da irmã, Maria Clotilde, com a mensagem de que Laudelina desistira do casamento. Nesta ocasião, Maria Clotilde, mulher de poucos atrativos e abundante buço, disse a ele que estaria disposta a ocupar o lugar da irmã. Sem muito pensar e acreditando no embuste, já há muito tempo solitário, respondeu: Se não vens tu, vens tu mesmo, frase que de que muito se arrependeu.

Jacinto Fidélis e Maria Clotilde, tiveram quatro filhos homens e relacionamento pouco feliz. Para os filhos, Jacinto deixa como legado honra e a lembrança de sua eterna tristeza. Cumprira seu papel de marido as custas de muito sacrifício, em virtude do mau gênio de sua companheira. A segunda metade de sua vida passou trancafiado em um galinheiro desocupado, dando vazão aos seus delírios e pouca lucidez. Depois de longo tempo, encerrou sua passagem, ainda pensando em seu antigo amor.

Em homenagem a ele, os filhos convidam para a missa de sétimo dia, a ser realizada na Catedral Diocesana de Santa Maria, Av. Rio Branco, 823, às 19:00 h, local onde um dia pretendera casar com a mulher que certamente o teria tornado feliz.

Pede-se não enviar flores.

Crônica escrita para a Oficina Aperitivo Santa Sede, 2017.